Violência onipresente

Nossos pais estão sempre querendo nos dar aquilo que não tiveram na própria infância. Um colégio bom, um curso de idiomas, uma escolinha de um esporte, uma vida mais tranquila. Com esse pensamento, muitos optam por morar em condomínios fechados, cheios de guaritas e seguranças, crentes de que ali estaremos mais seguros. Nossos pais querem nos proteger da violência do mundo.
O problema é que eles não podem nos proteger das pessoas. Não podem nos proteger porque a violência está nas pessoas e não no mundo. Não importa se eu moro numa casa de rua ou num condomínio fechado. Ninguém está seguro. Nunca.
No domingo passado, o meu condomínio foi cenário de um grave acidente. Uma rua tranquila, usada basicamente para entrada e saída dos moradores do Cidade Jardim e do Rio 2, em que o limite de velocidade é de 30km/h. Apesar disso, um lugar desse tipo, em que crianças e idosos caminham e muitas pessoas passeiam com cachorro, assistiu a uma cena de imprudência digna de uma Avenida das Américas, em que o limite é 80km/h na pista rápida.
Um rapaz num Ford Focus, em alta velocidade, ultrapassou o carro da sua frente em uma subida, em uma ponte em que não há qualquer visibilidade da pista à frente. Entrou na descida pela contramão e atingiu em cheio o Celta que vinha subindo, onde estava um amigo.
O que dizer de um jovem desses que faz ultrapassagens perigosas, anda em alta velocidade em uma via pequena, dirige alcoolizado e ainda foge sem chamar socorro? Um inconsequente, um irresponsável, um EGOÍSTA. Meu amigo podia ter se machucado seriamente, podia até ter morrido. 
Será que nenhuma vezinha passou pela cabeça desse rapaz que ele podia ter causado danos irreparáveis às outras pessoas envolvidas? No momento, o instinto de sobrevivência falou mais alto e ele preferiu não ser preso. Preferiu largar o carro e correr à dar assistência à sua própria vítima.
O acidente só não foi pior por obra do destino. No carro logo atrás do Celta, vinha uma família com um bebê, que por pouco não foi atingida também. Isso tudo em um bairro de classe média alta, que se diz elite intelectual da cidade.
Será mesmo? Se essa é a nossa elite, imprudente e egoísta, acho que não quero fazer parte desse povo.
Há dois dias não paro de pensar no acidente. Vejo o estado dos três carros e fico imaginando como não aconteceu algo pior. Agradeço aos céus por meu amigo ter saído apenas com uns arranhões. Ele não merecia nada pior aos 26 anos, momento em que a vida começa a mostrar caminhos promissores.
Dessa vez, ele foi poupado, mas quantas vidas são tiradas por mera imprudência? Por que será que estamos nos matando uns aos outros?

Comentários

  1. Filha, a única coisa que posso ainda te dizer, diante do que esse mundo está se transformando é: - faça a sua parte, seja honesta e siga sempre o caminho do bem.
    E que Deus a proteja sempre!

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  2. Não deixe que a falta de fé dos outros tirem a fé que você tem em si mesma! E se é verdade que a violência está nas pessoas, é verdade também que o amor se encontra nas mesmas.. Cabe à cada um escolher que semente regar..

    Obrigado por tudo! Amo você Sorriso Brilhante!

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  3. Hoje, eu quase fui atropelada indo para o ponto do Via Parque. O sinal estava fechado e eu atravessava na faixa, quando um sujeito simplesmente não parou e entrou a direita. Se eu não tivesse olhado, não teria parado e ele teria me atropelado. Cheguei a gritar que o sinal estava fechado, mas ele nem se importou... Tinha um homem que estava na minha frente e falou "incrível! ele nem se mexeu com seu grito!" e eu "poxa.. se fosse um sr ou uma sra, não teria dado tempo...".
    Eu considero que a culpa deste ocorrido e muitos outros é do nosso 'jeitinho carioca/brasileiro' e da explícita impunidade por 'coisas pequenas' que assistimos constantemente.

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